Administrações municipais de Feliz e Vale Real anunciam contratação do anteprojeto de Nova Ponte sobre o Rio Caí
Publicado em 23/09/2025 às 08:09
Por Dep. Comunicação Social

Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira, 23 de setembro, na Prefeitura de Vale Real, os prefeitos Junior Freiberger, de Feliz, e Marcelo Bettega, de Vale Real, anunciaram que será dado início a contratação dos estudos e do anteprojeto para uma nova ponte rodoviária sobre o rio Caí, ligando ambas as cidades. A contratação será providenciada pela Prefeitura de Feliz, mas custeada de forma igualitária entre as duas administrações municipais.
Na ocasião, foi destacado que a contratação que será realizada não se trata, neste momento, do projeto de execução da obra, mas sim de todos os estudos e levantamentos que servirão de base para a futura elaboração do projeto definitivo. Entretanto, ao final desta etapa, já será possível definir a melhor localização para a nova ponte, a extensão, tipo de fundações e ter uma estimativa preliminar dos custos envolvidos para construção da nova estrutura.
A decisão é resultado do trabalho conjunto que os prefeitos têm desenvolvido ao longo dos últimos meses, em grande parte nos bastidores, na busca pela concretização deste projeto.
Abrangência da contratação
Os serviços que serão contratados compreendem:
- Levantamento topográfico planialtimétrico: mapeamento completo do terreno e do relevo, que gera uma planta detalhada com curvas de nível, ângulos e todas as dimensões necessárias para a elaboração de projetos e obras.
- Levantamento topobatimétrico: fornece informações precisas sobre a superfície e o fundo do rio, sendo essencial para projetos de engenharia, pois permite a criação de mapas detalhados que incluem a profundidade e a morfologia do leito.
- Sondagens geotécnicas: investiga o subsolo para caracterizar o terreno, determinando os tipos de solo e rocha, suas espessuras, profundidades, e a presença do lençol freático.
- Estudo hidrológico: analisa o comportamento da água na área onde uma ponte será construída, a fim de garantir a segurança estrutural e a funcionalidade da ponte durante eventos de cheia, determinando a cota mínima em que ela deve ser construída.
- Geometria da ponte: estudo das formas, dimensões e ângulos, sendo fundamental para garantir a sua segurança e estabilidade, distribuindo o peso de forma eficiente e resistindo a forças externas.
- Análise comparativa de alternativas de localização e extensão.
- Estudo de tipologias estruturais mais adequadas (concreto protendido, metálica ou mista).
- Definição de fundações compatíveis com as condições locais.
- Geometria dos acessos, volumes de terraplenagem, drenagem e contenções necessárias.
- Orçamento preliminar da obra.
Necessidade tem se mostrado urgente
Pauta de muitos anos, a solução é necessária diante do estado de deterioração da atual ponte do Bananal, que apresenta danos estruturais e baixa cota de implantação, o que ocasiona riscos à segurança e recorrentes interrupções de tráfego em períodos de cheias.
Atualmente, a travessia é feita pela ponte construída em 1968, cuja estrutura está defasada e não possui estudos técnicos ou laudos que comprovem sua capacidade de carga. O método construtivo utilizado à época dificulta uma avaliação precisa do peso máximo que a ponte pode suportar, o que representa um risco significativo à segurança dos usuários. Ainda assim, devido à falta de rotas alternativas em situações críticas, a ponte continua sendo utilizada por veículos de diversos tamanhos, inclusive caminhões pesados.
Um laudo técnico emitido pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano do Estado do Rio Grande do Sul, datado de 15 de julho de 2024, classificou a Ponte do Bananal com o nível de dano ‘amarelo’ (danificada), recomendando expressamente a construção de uma nova estrutura.
Outro fator crítico é a baixa altura da ponte, frequentemente submersa em períodos de cheia. Nesses episódios, é comum o acúmulo de grande volume de material vegetal %u2014 como troncos, galhos e árvores %u2014 sobre o tabuleiro, exigindo limpezas constantes para restabelecer o tráfego. Embora o rio Caí tenha comportamento de rápidas elevações e recuos do nível da água, a submersão, mesmo que temporária, compromete sua funcionalidade justamente nos momentos de maior necessidade.
Proposta está cadastrada junto ao Funrigs
A necessidade de uma nova ponte entre Feliz e Vale Real já está protocolada junto ao Governo do Estado, no âmbito do Plano Rio Grande. A proposta, que objetiva a busca de recursos do Funrigs (Fundo do Plano Rio Grande), foi cadastrada em setembro de 2024.
Neste ano, em maio, a proposta foi reencaminhada, reforçando sua necessidade. ‘A apresentação do anteprojeto é um requisito fundamental para prosseguimento do pleito’, destacam ambos os prefeitos, após reuniões que tiveram sobre o pleito junto ao secretário-chefe da Casa Civil do Estado, Artur Lemos. ‘Isso não é uma garantia de que seremos contemplados com o recurso, mas a apresentação do anteprojeto garantirá que o pedido possa avançar para as próximas etapas de análise. Caso contrário, seria arquivado’, complementam.
14 Municípios do Vale do Caí e Serra Gaúcha reforçam pedido
Em manifestação conjunta, 14 prefeitos de municípios do Vale do Caí e da Serra Gaúcha oficializaram, ainda em julho passado, um pedido ao Comitê Gestor do Plano Rio Grande para que a construção de uma nova ponte entre os municípios de Feliz e Vale Real seja incluída entre as obras prioritárias do Estado.
Os prefeitos das 14 cidades compartilham que a relevância dessa travessia se intensificou após os eventos climáticos extremos de maio de 2024. Naquele momento, a rota que inclui a ponte do Bananal foi a única que permaneceu utilizável, permitindo a continuidade do tráfego para as cidades turísticas como Nova Petrópolis, Gramado e Canela, inclusive com circulação de caminhões.
A via desempenha um papel estratégico como rota alternativa sempre que ocorrem bloqueios na Rodovia BR 116, especialmente no trecho entre Caxias do Sul e Nova Petrópolis. Esses bloqueios, geralmente provocados por quedas de barreiras, são frequentes.
Usuários que partem tanto da Serra Gaúcha (Farroupilha, Alto Feliz, Carlos Barbosa, Garibaldi, Bento Gonçalves, São Vendelino, Caxias do Sul) quanto da Região Metropolitana (a partir de Bom Princípio) utilizam a ponte do Bananal como elo de ligação para acessar a rota alternativa que passa pelas localidades de Bananal (Feliz), Linha Nova e, posteriormente, Vila Olinda e Linha Olinda (Nova Petrópolis), retornando à BR 116 fora da área de instabilidade geológica.
Considerando que essa rota já está consolidada na malha viária regional, o ofício encaminhado pelos prefeitos reforça a extrema importância investir na construção de uma nova ponte definitiva e segura no local, fora da cota de inundação. ‘Tal obra garantirá a continuidade do tráfego mesmo em períodos de enchentes, assegurando a mobilidade da população e o escoamento da produção regional, além de fortalecer o turismo e a integração entre os municípios envolvidos’, destacam Junior Freiberger e Marcelo Bettega.
Além de Feliz e Vale Real, também assinam o ofício os prefeitos de Alto Feliz, Linha Nova, Bom Princípio, São Vendelino, Farroupilha, Carlos Barbosa, Garibaldi, Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Nova Petrópolis, Gramado e Canela.
Municípios criaram fundo de reserva para nova ponte
Em 2024, as Prefeituras de Feliz e Vale Real já haviam instituído um fundo de reserva para viabilização futura da construção de uma nova ponte sobre o rio Caí. A reserva financeira funciona como uma espécie de poupança.
Na Feliz, a proposta foi oficializada em Lei pelo Executivo após uma indicação do então vereador Claudio Rodrigo Vieira. Já em Vale Real, a proposição partiu de sugestão do então vereador Jean München. Os recursos começaram a ser incorporados ao fundo após a conclusão da ponte Karla Diesel Freiberger e são compostos por:
- 0,5% da Receita Corrente Liquida (RCL);
- 50% da receita do Fundo Municipal do Plano Diretor;
- 25% da receita proveniente de alienações de bens móveis e imóveis;
- 25% da receita de cessão onerosa da folha de pagamentos do Executivo Municipal;
- 50% das devoluções do Poder Legislativo ao Executivo, relativas à sobra do duodécimo;
- rendimentos de aplicações financeiras da própria reserva financeira;
- receita proveniente de financiamentos, contraídos exclusivamente para a finalidade da obra da ponte;
- receitas diversas: doações, promoções instituídas para este fim, exploração de espaços de publicidade junto à nova ponte, patrocínios.
Já em Vale Real, a legislação local estipulou requisitos similares, mas a cidade já conta com cerca de R$ 200 mil depositados no fundo, que começou a ser captado a partir de agosto do ano passado, e que poderá ser utilizado agora para o pagamento da contrapartida do município no anteprojeto da nova ponte.